A retirada do estômago total, também conhecida como gastrectomia total, é um procedimento cirúrgico realizado para remover completamente o estômago de um paciente. Essa intervenção é indicada em casos de câncer gástrico avançado, úlcera péptica maligna ou síndrome de Zollinger-Ellison.
Aspectos pré-operatórios
Antes da cirurgia, o paciente passa por uma série de exames para avaliar sua condição geral de saúde, como exames de sangue, endoscopia e tomografia computadorizada. Além disso, é importante realizar uma avaliação nutricional completa para garantir que o paciente esteja apto a suportar a cirurgia e a recuperação subsequente.
Um aspecto importante antes da cirurgia é a conscientização do paciente sobre as mudanças que ocorrerão em seu corpo após a retirada do estômago. É fundamental que ele compreenda as alterações na sua alimentação e na forma como se alimentará no futuro.
Procedimento cirúrgico
A gastrectomia total é realizada por meio de uma incisão na região abdominal. O cirurgião remove todo o estômago e conecta o esôfago diretamente ao intestino delgado, por meio de uma anastomose denominada "esôfago-jejunostomia". Esse procedimento permite que os alimentos passem diretamente do esôfago para o intestino delgado.
A duração da cirurgia pode variar de acordo com a complexidade do caso e a experiência do cirurgião. Geralmente, a intervenção dura de 3 a 5 horas.
Recuperação pós-operatória
Após a cirurgia, o paciente é encaminhado para a unidade de cuidados intensivos para monitoramento. Ele recebe medicação para aliviar a dor e é orientado a se levantar e caminhar o mais breve possível para evitar complicações respiratórias e circulatórias.
Em termos de alimentação, o paciente passa a ingerir pequenas quantidades de líquidos claros. À medida que a recuperação avança e o paciente se adapta à nova condição, ele é orientado a adotar uma dieta mais consistente, com refeições menores e mais frequentes.
Complicações possíveis
Embora seja um procedimento cirúrgico seguro, a retirada do estômago total pode apresentar algumas complicações, como sangramento, infecção, fístulas ou vazamento nas suturas intestinais, obstrução intestinal e deficiências nutricionais a longo prazo.
Em casos específicos, quando necessário, pode ser realizada uma cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal, conhecida como cirurgia de Roux-en-Y, para melhorar a digestão e a absorção de nutrientes.
Reabilitação nutricional
A retirada do estômago total requer uma mudança significativa na rotina alimentar do paciente. É importante que ele siga uma dieta equilibrada e variada, consumindo alimentos com alto teor de proteínas, vitaminas e minerais.
Suplementação nutricional é frequentemente recomendada, especialmente nos primeiros meses após a cirurgia. É essencial que o paciente seja acompanhado por um nutricionista, para garantir uma alimentação adequada e evitar deficiências nutricionais.
Reintegração social e psicológica
A retirada do estômago total não apenas implica mudanças físicas e nutricionais, mas também pode afetar a saúde mental e social do paciente. A adaptação a uma nova rotina alimentar e a superação das dificuldades iniciais podem ser desafiadoras.
É fundamental que o paciente receba apoio psicológico e participe de grupos de suporte, nos quais possa compartilhar experiências e adquirir informações relevantes para sua recuperação.
Referências
- Federal University of São Paulo. (2015). Manual de orientação para pacientes – Cirurgia de gastrectomia. Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia.
- Szor, D. J. (2012). Câncer Gástrico. Medicina (Ribeirão Preto), 45 (2), 191-202.
- Mayo Clinic. Total gastrectomy. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/es-es/tests-procedures/gastrectomy/expert-answers/total-gastrectomy/faq-20157779. Acesso em: 30 set. 2022.